quinta-feira, 14 de março de 2013

Foco: gerenciar distrações


por  Kelly Cavalcanti Gallinari*

Digna de admiração, Dona Lala, também conhecida como vó Pretinha, está entre as avós mais dedicadas que já conheci. Era intensa e, peculiarmente, objetiva. A regra que determinava o quanto investia em suas relações interpessoais era simples: ou gostava e se dedicava ou desgostava e, por consequência, declarava, esbravejava e, por fim, desprezava.

Oito ou oitenta. Sim ou não. O talvez não a pertencia. Com a Vó Pretinha, pau era pau e pedra era pedra. Mulher de ferro!

Prendada na cozinha, os domingos eram recheados de inúmeros pratos e de familiares ao redor da mesa. A variedade de pratos era por conta de fazer questão de agradar todos os gostos. Tinha frango mas também tinha carne. Tinha macarronada com molho à bolonhesa mas também tinha com molho de sardinha. O arroz era temperado mas também tinha arroz branco para quem assim quisesse.

A vó ficava feliz em poder contemplar todos os gostos.

Diante de tanta variedade, era comum ouvir comentários do tipo: “ – Nossa, quanta coisa, não sei nem por onde começo”, ou “ – Se eu comer tudo isso vou engordar”, ou “Que exagero, não vai caber tudo isso no meu prato” ou ainda “Se eu comer tudo vou passar mal”.

Quando ouvia estes balbucios, imediatamente, a vó Pretinha sempre (sempre mesmo) respondia: “Está na mesa mas você não é obrigado a comer”.

Alguns riam da resposta da Dona Lála, outros achavam uma resposta mal educada. 

Engraçada ou mal educada, o importante é que a resposta era sábia.

Dona Lála era focada e sabia gerenciar distrações de sua equipe, ops, de sua família!

É, minha gente, ensinamentos de avó são aprendizados para a vida toda! E se tratando desta avozinha, ensinamentos de ouro!

Dona Lála, sem mesmo saber, tinha como premissa um dos valores mais importantes do mundo corporativo: o foco.

O dia-a-dia organizacional é recheado de imprevistos, obstáculos e distrações. Saber gerenciar estes fatores é uma competência rara dentre os profissionais. Quem a domina, garante resultados de alta performance. Quem não, passa o dia trabalhando, trabalhando, trabalhando e acaba o dia com sensação de que nada fez. Frustração, na certa.

Ao dizer: “Está na mesa mas você não é obrigado a comer”, a avozinha da história reforça que dentre as distrações, é preciso manter o foco. Não é porque a oferta é grande que você é obrigado a ‘provar’ tudo.

Pense naquele dia em que está dedicado a entregar um relatório importante para seu chefe e se depara com emails explodindo na tela do computador o tempo todo, o telefone que toca e pessoas entrando em sua sala. Sim, minha gente, a oferta é muita. Ou você limita seus afazeres ou tudo se torna uma longa jornada de atividades sem fim. Você prova de tudo e acaba com uma grande indigestão.

A demanda de trabalho em uma empresa é,e sempre será, infinita. O processo de melhoria e a busca por novas oportunidades fazem com as atividades nunca cessem. Sempre haverá mais de um tipo de comida na mesa. A diferença na performance está intimamente ligada à capacidade do profissional de delimitar suas atividades, focar no planejamento, execução/acompanhamento e resultado destas.

Vamos ver como facilitar esta conduta:

1 – PLANEJAMENTO: descrever suas pendências e enumerá-las por prioridade não é frescura nem perca de tempo. Engana-se e sabota-se quem ainda acredita que resolver problemas de curto prazo sustentam resultados. Por isso, planejamento e a palavra de ordem. As prioridades devem ser estabelecidas de acordo com o andamento e estratégia do negócio. Suas prioridades devem convergir com os objetivos da organização. Pensar apenas em sua função ou área é um erro. Para saber, dentre todas as ofertas, qual ‘prato’ você deve devorar, é preciso situar-se dentro do contexto organizacional . Caso contrário, pode falhar na priorização de tarefas.

2 – GERENCIAR DISTRAÇÕES: Emails, visitas inesperadas, funcionários te procurando, preguiça, procastinação… inúmeros são os motivos para interromper o desenrolar de uma tarefa, no entanto, é responsabilidade do executor gerenciar tudo isso a seu favor. Além de programar seu tempo dedicado para cada tarefa, é necessário programar-se para estas interrupções. Já que elas são previstas, defina, também, horário para elas e comunique as pessoas a respeito. Informe o horário que receberá os funcionários para tirar dúvidas e/ou resolver problemas, o horário que estará dedicado aos emails, o horário que receberá fornecedores e assim por diante. Teste e verá como terá bem menos interrupções.

3 – COM O NOVO, INFORME-SE: Com tanta oferta de atividades, às vezes, fica difícil optar por uma. Muitas chamam a atenção! Importante você assumir tarefas que sejam compatíveis com suas habilidades. Isso facilitará a execução. Claro que arriscar também é saudável. Experimentar pratos novos é criar oportunidades, sem dúvida. Mas não vá com muita sede ao pote. Pode ser alérgico a algum ingrediente o tiro sairá pela culatra. Pesquise sobre o prato, entenda como é feito, informe-se e, só então, coloque-o no prato. Assim, garantirá que a execução seja eficiente.

4 – EVITE O DESPERDÍCIO: Se encher o prato, com certeza, vai sobrar comida. Tarefa assumida e não cumprida é sinônimo de demérito para o profissional. Assuma o que é capaz de fazer. A regra é simples.
Meu povo leitor, bom seria se a vó Pretinha pudésse colocar a mesa no mundo corporativo. 

Foco passaria ser levado a sério.

Abraços e ate mais!

*Kelly Cavalcanti Gallinari  é graduada em Gestão de Pessoas e especializada em Professional Coach. Formou-se pela ICI (Integrated Coaching Institute) é idealizadora do site eCoach – Desenvolvendo de Líderes. Sua expertise engloba o temas Flow, Peak Performance -  Estratégias, Desenvolvimento de Foco,  Executive Coaching - Estilos de Liderança,  Motivação, Gerindo mudanças,  Emotional Intelligence (EI)- Modelo de Competências,  Coaching Skills -  Competências exigidas pelo coach internacional, Life Coaching Pessoal - Soluções de uso da energia pessoal, Adversity Coaching - Imunização de stress e  Modelo Racional - Desfazendo distorções cognitivas.

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sábado, 14 de julho de 2012

Faça e, também, CONVENÇA


por  Kelly Cavalcanti Gallinari*


José é um garoto de 6 anos. Apesar de não ser um bailarino nato, gosta de dançar. Com reboladas, praticamente, estáticas, no estilo ‘sem remelexo’, José adora chamar a atenção da família para fazer suas famosas apresentações, com direito a coreografias e passos ensaiados.

Sempre que uma música coreografada vira sucesso, lá está José com passos na ponta da língua… ops, dos pés.

Nas apresentações familiares, todos apreciam José. Sabem de suas limitações, que não tem o corpo tão solto, mas o apreciam.

Afinal, o que prendia a atenção da mãe, avós, tias, tios e primos de José? Ele, definitivamente, não era um pé de valsa.

Em um destes eventos – sim, as apresentações viraram um evento, José me contou que ele estava ensaiando uma nova música há dias e que ele era o melhor naquela dança. Nunca vi tanta propriedade em uma fala. Para José, ele era o melhor bailarino de todos os tempos.

Foi neste dia que encontrei a resposta. José convencia e prendia a atenção de todos porque ele acreditava no que fazia e, por isso, investia tempo em aprender e se aprimorar entre uma dança e outra.

É, minha gente, este garotinho tem muito a nos ensinar. Vamos aprender com José:

- AUTOCONFIANÇA: Receber feedbacks positivos a respeito de nossas condutas, escolhas e resultados infla o ego, motiva. Mas autoconfiança independe do exterior. Autoconfiança é provida da sua escolha de acreditar que você é capaz ou que pode tornar-se capaz, independente de limitações e contrapontos. Modelos e rótulos, infelizmente, aprendidos no decorrer da vida, são os principais limitadores da autoconfiança. Quando disseram que você era gorda na adolescência, você deixou de acreditar no seu sonho de ser modelo. Quando recebeu uma bronca de seu chefe dizendo que sua organização no trabalho era péssima, simplesmente, deixou de acreditar que um dia podia desenvolver esta competência. Quando todos riram de você porque escorregou na apresentação de final de ano, no ensino fundamental, deixou de acreditar que podia dançar.

Infelizes limitações do meio.

Uma criança, como José, que ainda é desprovido destes modelos, simplesmente (sim, é simples), acredita em si. E, com propriedade disso, convence os outros. Os tãos almejados feedbacks positivos, no caso de José, acontecem, naturalmente.

Ah… a autoconfiança das crianças é algo memorável! E já que não somos mais crianças, que passemos a driblar as limitações impostas por seus pais, por seus chefes. A decisão de a acreditar em você é só sua.

- TREINO: Todos somos passíveis de novos aprendizados. Agora que já restabelecemos a nossa autoconfiança, sabemos que de tudo podemos fazer. Há, no entanto, somente um ‘porém’ nesta jornada. 

Aprendizado é sinônimo de esforço, de treino.

O garoto José acreditava que era um bailarino. Mas para reforçar a ideia, treinava, fervorosamente. Cada coreografia nova, novos treinos. E quando chegava a hora das famosas apresentações familiares ele estava PREPARADO. Sim, ele sentia-se preparado. E dava um show. Mesmo sem remelexo, fazia o seu melhor. E convencia.

Amigo leitor, você quer uma promoção no trabalho? Você quer ser uma mãe melhor? Você quer fazer um arroz mais soltinho? Ou você quer melhorar seus relacionamentos interpessoais? Quer fazer regime?
Seja o que for, inicie o aprendizado e TREINE. Treine sem medir esforço. Invista tempo. É necessário dedicação. Fazer um dia e no outro não, não é se dedicar. É se enganar.

José ensaiou. Muito. E ao se apresentar, ainda não exibia perfeição, mas seu esforço convenceu o público.

- ATENDA ÀS EXPECTATIVAS: José sabia que agradava. Qual a mãe, tia, avó que não quer um menininho lindo fazendo graça e enchendo suas vidas de tanta emoção positiva? José, apesar de um garoto, sabe como agradar.

José, sem saber, cumpriu uma regra básica do mundo corporativo e social: as necessidades da clientela é o que rege o negócio. O fluxo 1 – Conhecer as necessidades do cliente (no caso de José, da família), 2 – atender as expectativas (José emocionava a família) e 3 – participar positivamente do meio (o garotinho era especialista em trazer alegria) é regra básica para conquistar o outro e convencer.

Você quer uma promoção, certo? Mas conhece as expectativas da empresa para com você? Sabe o que seu chefe espera de seu desempenho?

Contribuir, positivamente, para o meio (seja profissional, social ou familiar) é garantia de sucesso, meu povo!

Naquilo em que se propõe, para ser o melhor, precisa acreditar, treinar e atender às expectativas. Sim, assim, convencerá.

Tanto aprendizado em um só menininho! Sejamos Josés, então.

Abraços e até mais!



*Kelly Cavalcanti Gallinari  é graduada em Gestão de Pessoas e especializada em Professional Coach. Formou-se pela ICI (Integrated Coaching Institute) é idealizadora do site eCoach – Desenvolvendo de Líderes. Sua expertise engloba o temas Flow, Peak Performance -  Estratégias, Desenvolvimento de Foco,  Executive Coaching - Estilos de Liderança,  Motivação, Gerindo mudanças,  Emotional Intelligence (EI)- Modelo de Competências,  Coaching Skills -  Competências exigidas pelo coach internacional, Life Coaching Pessoal - Soluções de uso da energia pessoal, Adversity Coaching - Imunização de stress e  Modelo Racional - Desfazendo distorções cognitivas.

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Aprenda a RECEBER um feedback

por  Kelly Cavalcanti Gallinari*

Que o feedback é um instrumento importantíssimo e imprescindível no processo de desenvolvimento profissional, não há discussões. Todos que já passaram por treinamentos de liderança, certamente tiveram instruções de como aplicar esta ferramenta para auxiliar seus liderados/pares a se tornarem profissionais melhores.
Técnicas de comunicação, etapas, controle de emoções, ambiente, positivo e negativo, tudo é bem discutido para que o ‘tiro’ não saia pela culatra. Inclusive, comento estes pontos no texto “Hora da Bronca” .
Refletindo sobre o assunto enquanto construía um novo projeto de Desenvolvimento Profissional, pensei que mesmo utilizando todas as técnicas conhecidas para um feedback eficiente, seria ainda mais tranquilo utilizar esta ferramenta se as pessoas estivessem preparadas para RECEBER uma crítica. Especialmente, as negativas.
É isso, meu povo. Tem muito feedback que não consegue fazer a ‘curva do rio’ porque quem está ouvindo a crítica não tem o menor interesse em saber o que o outro tem a dizer sobre ele. Pessoas, absolutamente, irredutíveis em suas crendices e comportamentos. Pessoas, absolutamente, inaptas ao desenvolvimento. Pessoas, mesmo sem saber, adeptas à estagnação da ignorância.
1 – Quem avisa, amigo é
Imagine que, de uma hora para outra, começou a ter mau hálito e não percebeu. Prefere que um amigo lhe avise ou prefere que as pessoas fiquem comentando pelas costas toda vez que esbarrar em alguém? Prefere que um amigo lhe dê um toque sobre o assunto, ou prefere perder um flerte porque na hora H o outro percebeu o odor desagradável vindo de você? Ter bom hálito, além de saudável em primeiro lugar, é um fator social importante e descumprir esta ‘regra’ é, no mínimo, danoso para todos os envolvidos.
Na empresa, não é diferente. A empresa tem regras. Todas tem. Se você não conhece as da empresa em que trabalha, corra para obter estas informações, pois são elas que delimitarão se está tendo uma conduta adequada ou não. São estas regras corporativas que definirão se está ou não infringindo acordos estabelecidos entre empregado e empregador.
Assim sendo, se alguém (chefe ou colega de trabalho) aparecer para lhe indicar um comportamento errôneo, incoerente com as regras, no mínimo, agradeça. Significa que você, sozinho, não tinha percebido, então, a comunicação, também chamada de feedback, veio em boa hora.
2 – Qual o problema em errar?
Errar não é sinônimo de fracasso. Errar faz parte do desenvolvimento humano. E o segundo passo é ainda melhor: assumir erros é grandioso e motivador de mudanças positivas. Assim sendo, quando receber uma crítica negativa, antes de atirar pedras, pense que se o erro existiu, não cometeu nenhum pecado capital. Como todo mundo, está em processo de melhoramento. E se está recebendo o feedback, é porque ainda apostam em sua melhora. Caso contrário, não estaria recebendo um feedback, já teria sido demitido. Valorize isto.
3 – Sim, você pode contestar
Se tiver dúvidas sobre o que falam de você, questione. Com tranquilidade, peça argumentos. Entenda que os argumentos, tantos seus quanto de seu chefe/par, sempre terão de ter embasamento na estratégia de trabalho da empresa e nos acordos que pré-estabaleceram no início de suas atividades. Se quem lhe fala tiver uma retórica incoerente com estes fatores, convide-o a investigar as regras da empresa e, juntos, decidirem quais são os comportamentos adequados. Por isso, estar por dentro da MISSÃO, VISÃO E VALORES da corporação é imprescindível. Se este não for o caso, discutir apenas porque foi contrariado não é a melhor saída. Falar do que você não sabe é uma atitude leviana e improdutiva. Mesmo que não concorde, ouça, agradeça e, depois pesquise mais sobre o assunto. Apoderado de informações, poderá discutir com seu líder/par o assunto novamente.
4 – Feedback é um presente
Pense no feedback como um presente. Recebê-lo é uma honra, acredite, pois ele ainda é raridade. Em muitos projetos que participei, um dos principais complicadores era a falta do feedback. Encontrei muitos profissionais totalmente desamparados de informações a respeito de seus comportamentos e que, por isso, estavam agindo em desacordo com as regras da empresa e prestes a perderem o emprego. Alguém lhe ofertou um feedback? Agarre-o.
5 – Impressões que causa no outro
Entenda isso: você é responsável pela impressão que causa no outro.
É comum eu ouvir de profissionais que receberam feedbacks negativos e que não concordaram porque, apesar da atitude inadequada, não foi aquilo que quiseram dizer ou que queriam expressar. Os outros te enxergam o que você mostra na real e não suas intenções. Então, não fique alterado caso alguém diga que você é arrogante. Talvez você não queria ter sido, mas suas atitudes, no universo que quem lhe falou, a arrogância predominou.
6 – Controle as emoções
Esmurrar a parede, dar socos na mesa, chorar descontroladamente, xingar. São todos comportamentos pertinentes a quem tem nega o próprio desenvolvimento. Pense comigo, ter atitudes como estas vai apagar a situação? Caso tenha mesmo tido uma atitude errônea, vai conseguir voltar atrás? Não. Então, racionalize e pense dali para frente. Segure firme e forte a oportunidade de mudança que ainda estão de dando e bola para frente. Um bom plano de ação, estruturado e acompanhado, é a solução.
Pois é, minha gente. Dar feedback precisa de técnica, responsabilidade e atenção, mas saber receber é um dos pontos altos de um profissional de alta performance. Tem muita gente perdendo oportunidades na empresa por não aceitarem opiniões a seu respeito, por não aceitarem possíveis mudanças de comportamento.
Se você quer ser dono de verdades absolutas, monte sua própria empresa, contrate você mesmo, compre de você e venda para você.
Relacionar-se é permitir aprendizados. E aprendizados requerem mudanças. Quando temos alguém para nos ajudar neste processo, temos de nos sentir agraciados. Então, que venham os feedbacks.
Abraços e até mais, caro leitor.
*Kelly Cavalcanti Gallinari  é graduada em Gestão de Pessoas e especializada em Professional Coach. Formou-se pela ICI (Integrated Coaching Institute) é idealizadora do site eCoach – Desenvolvendo de Líderes. Sua expertise engloba o temas Flow, Peak Performance -  Estratégias, Desenvolvimento de Foco,  Executive Coaching - Estilos de Liderança,  Motivação, Gerindo mudanças,  Emotional Intelligence (EI)- Modelo de Competências,  Coaching Skills -  Competências exigidas pelo coach internacional, Life Coaching Pessoal - Soluções de uso da energia pessoal, Adversity Coaching - Imunização de stress e  Modelo Racional - Desfazendo distorções cognitivas.

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